Temporada 2024
abril
s t q q s s d
<abril>
segterquaquisexsábdom
25262728293031
123 4 5 6 7
89101112 13 14
151617 18 19 20 21
222324 25 26 27 28
293012345
jan fev mar abr
mai jun jul ago
set out nov dez
PRAÇA JÚLIO PRESTES, Nº 16
01218 020 | SÃO PAULO - SP
+55 11 3367 9500
SEG A SEX – DAS 9h ÀS 18h
ENSAIOS
A Decana: timpanista Elizabeth Del Grande completa 50 anos de Osesp
Autor:Timpanista Elizabeth Del Grande completa 50 anos de Osesp.
25/abr/2023

Em 1973, quando a presença de mulheres em orquestras se contava nos dedos, ela juntou-se à percussão da Osesp e fez história. Bolsista do célebre Festival de Tanglewood, nos EUA, com vários prêmios no currículo, dedicou-se ao ensino da percussão sinfônica e participou de diversas gravações sinfônicas, de música popular, de trilhas sonoras e até mesmo de jingles. Neste ano, fará a estreia mundial, como solista, de A Hora das Coisas, encomenda a Paulo C. Chagas para celebrar as cinco décadas de Elizabeth Del Grande com a Osesp.

 

Você começou na música tocando bateria nos anos 1960. Em um cenário dominado por homens, ficou conhecida como “a menina da bateria” nos programas de televisão. Como foi o começo de tudo?

Em casa, a música sempre esteve presente — por causa do meu avô, ouvíamos muita ópera. Mas nunca pensei que fosse me tornar musicista profissional. Embora seja nascida e criada em São Paulo, tudo começou quando mudamos para Bagé, Rio Grande do Sul, onde meu pai foi trabalhar por um tempo na década de 1960. Já estávamos na ditadura, e Bagé é uma cidade que tem mais quartel do que gente. Em toda festividade cívica, saíam bandas e fanfarras pelas ruas. Eu morava perto de um colégio e podia ouvir o pessoal ensaiar. Meu pai me levava para ver os desfiles, e eu ficava alucinada com os tambores. Nessa época, tinha 5, 6 anos, e ele comprou um tamborzinho para mim — eu ia tocando ao lado da fanfarra. Voltamos para São Paulo e essa lembrança se apagou da minha memória.

 

Quanto eu tinha cerca de 9 anos, a cantora italiana Rita Pavone estourou em São Paulo. Eu já curtia ouvir muita música popular, que também estava no auge, com Chico [Buarque] começando ainda, enquanto Milton [Nascimento], Elis [Regina] e Jair [Rodrigues] já tinham nome. Eu era aficionada pelo Zimbo Trio! A [música] “Datemi un Martello”, da Rita Pavone, acabou aguçando essa coisa da bateria em mim. Infernizei meu pai; queria uma bateria de todo jeito. No final de 1963, ganhei uma bateria em miniatura de surpresa. Depois, ele contou que, quando foi comprar a bateria, o dono, amigo de infância dele, falou: “Olha, se o menino tiver talento, você compra já uma bateria maior, uma semiprofissional”. Naquele Natal de 1963, fiz todo mundo chorar: saí na rua gritando de alegria até a casa da minha tia, que morava em uma rua próxima.

 

O bairro onde cresci, conhecido como Vila Pompeia, sempre foi reduto de gente que fazia música. Rita Lee morava perto de casa, todo o pessoal de Os Mutantes, na verdade. A gente não tinha telefone, então usávamos o aparelho da vizinha, que era costureira e fazia roupas para uma moça chamada Ivete Zani. A Ivete, excelente cantora de MPB na época, estava na costureira um dia e minha vizinha falou: “Você precisa ver essa menina tocar bateria”. Ela foi lá em casa, coloquei o disco do Zimbo Trio e comecei a acompanhar a música com a bateria. Ela ficou admirada, deu muita risada, achando lindo, e então falou: “Vou te levar qualquer hora para você conhecer o baterista do grupo que a gente toca”.

 

Era no antigo Paramount, que hoje é o Teatro Renault. Nos anos 1960, o Paramount ficou conhecido como “Templo da Bossa”. Quem fazia a produção era um cara chamado Walter Silva, que tinha um programa na Bandeirantes, o Picape do Pica-Pau. Ele Lançava um monte de artistas.

 

Fiquei cobrando a Ivete, até que ela me levou em um sábado. Lembro muito bem a gente entrando no teatro e, no fundo, onde estava o palco, um cara tocava violão. Ela de longe falou: “E aí, Paulinho!”. Como eu já conhecia muita gente da MPB, achei que era Paulinho Nogueira, mas, na verdade, era o Toquinho. Aí ela disse: “Trouxe essa menina aqui, ela toca bateria”. A cada um que me apresentava, eu sentava na bateria e tocava, uma coisa de criança. O pessoal ria, dava pulos... Nisso, chegou o Tuca, o Amilson Godoy, irmão do Amilton (eles todos têm nome parecido). O Amilton é do Zimbo, o Tuca e o Adilson, outro irmão, também são pianistas. A Ivete falou: “Olha só, é o irmão do pianista do Zimbo”. Sabe como é o pessoal da música popular! A Ivete falou da bateria, e ele pediu para eu tocar. Eles acharam incrível. Até que o Walter Silva chegou e, quando me viu, foi logo convidando para tocar no show de segunda-feira. Fui logo respondendo: “Preciso falar para meus pais”. Então eles foram até minha casa pedir autorização.

 

E como foi esse primeiro show, aos 9, 10 anos?

O Paramount ficava lotado! Na primeira parte do espetáculo, o Walter lançava quem estava despontando — compositores, cantores etc. —, então tinha um intervalo e, na segunda parte, subia alguém já famoso no palco, como Elis, Jair. No dia Que participei, estava o Chico na primeira parte falando “Pedro pedreiro penseiro esperando o trem...”. Imagina só! O Chico começando, o Milton cantando “Travessia”. Esse era o pessoal da primeira parte do espetáculo, só para você ter uma ideia.


Ensaiei com o Tuca, o Amilson. Foi o primeiro pianista com quem toquei. Eles tinham um trio chamado Bossa Jazz Trio, e o baterista, Zé Roberto, cedeu o lugar para eu tocar naquela segunda. Fui apresentada como uma novidade, uma atração. Eu era apaixonada por um arranjo que o Zimbo Trio tinha [de uma música] do Baden Powell, “Consolação” [cantarola um trecho]. Tinha um feeling de chimbal na bateria, eu era apaixonada pelo Rubinho [Barsotti, do Zimbo]. Eu cantava e perguntava: “Como você não sabe o arranjo do seu irmão?”. No fim, o Tuca foi atrás do arranjo e a gente acabou tocando exatamente ele.

 

Na hora do show, quando acabou a primeira parte, o palco ficou vazio, apagaram todas as luzes e só lembro de alguém me jogando Lá para dentro [risos]. Quando entrei, vi um foco de luz em cima de mim, me acompanhando até a bateria. Estava usando uma calça de veludo com suspensórios, que minha mãe fez por causa da Rita Pavone, era igual a uma roupa dela. Sentei na bateria, o Tuca e o contrabaixista já estavam no palco. E aí... [cantarola “Consolação”]. Comecei então a tocar em festivais de música popular, fiz uma série de gravações na extinta TV Tupi, cheguei a fazer O Fino da Bossa, que a Elis apresentava na antiga Record, na rua da Consolação.

 

Foi seu batismo oficial!

Foi! E logo depois que toquei, todo mundo foi correndo me esconder, porque eu precisava ter autorização de menores para tocar e não deu tempo de fazer [risos]. Logo em seguida, meu pai já foi tratando de fazer a autorização para eu tocar na noite.

 

Depois desse dia de fortes emoções no Paramount, o que mais aconteceu?

Dos 10 até os 13 anos segui tocando, até que tive uma grande decepção, que foi justamente em uma das apresentações em O Fino da Bossa. Chegava todo mundo de manhã para ir ensaiando e o show era à noite. Fui para lá numa segunda-feira cedo, com minha mãe. Eu não tinha um grupo formado, então um baterista tinha que ceder o lugar para mim. Foi chegando a hora do espetáculo e nada de definir com quem eu tocaria. Meu pai foi falar com o produtor, porque passei o dia inteiro lá com minha mãe e nada de ensaiar. Nessa ocasião, o Edu Lobo veio do Rio, e acabaram me substituindo por ele. Meu pai ficou muito chateado, começou a achar que o pessoal me tirava não só porque eu era criança, mas também porque era menina e autodidata. Mal sabia ele que a maioria ali era autodidata, ninguém tinha formação na época. Meu pai falou: “Vai estudar, se você realmente quiser fazer isso, outro dia você volta”. Fiquei obviamente chateada, mas esqueci.

 

Continuava ouvindo muita coisa. Depois de um ano, o Aírton Rodrigues me chamou ao vivo no programa de televisão dele, na extinta Tupi. Acho que era sábado, e estávamos almoçando em casa [quando] começaram a falar: “Liga a televisão, estão chamando a Beth”. O Aírton tinha uma orquestra. Era incrível, todas as televisões tinham uma orquestra ao vivo. Ele estava conversando com o baterista e propôs que fizesse um duelo comigo. Meus pais ficaram indecisos, mas acabei indo. Chegando lá, a gente foi ensaiar, e montaram duas baterias, uma para o profissional da orquestra e outra para mim. Tinha um percussionista também, o Ernesto De Lucca. Ele me viu tocar, foi cumprimentar meu pai e contou que estavam abrindo inscrições para uma orquestra jovem da prefeitura: “O senhor leva ela para se inscrever”. Nessa época, eu já estudava um pouco de piano, mas ainda não tinha noção de teoria musical. Tinham me indicado um professor, para me dar um pouco de base técnica, que ficou um tempo comigo até falar para minha mãe que eu precisava de alguém que pudesse ir além. Como falei, nessa época todo mundo era autodidata, a gente tinha dificuldade de acesso não só a instrumentos, mas também a bibliografias, a métodos. Muitos dos bateristas, quando viajavam para fora, compravam métodos e traziam para cá. O Conservatório de Tatuí e a Escola Municipal [de Música, EMMSP] foram pioneiros na percussão.

 

Meu pai falou que eu não tinha conhecimento para tocar em uma orquestra. O De Lucca era daqueles argentinos descendentes de italiano, ficou bravo e não aceitou. Quando voltamos para casa, meu pai foi logo falando que nada tinha mudado, porque eu sentei para fazer a minha parte no duelo e começaram a falar: “Faz isso, faz aquilo, não faz aquilo”. Meu pai então disse: “Quando você sentar lá de noite, vai fazer o que você quiser, você vai tocar do seu jeito”. E foi o que fiz! Queriam dar uma cortada, eu me sobressaía mesmo, mas não acreditava que poderia tocar em uma orquestra sinfônica. Minha mãe e eu fomos receber o cachê na Tupi e nos encontramos com De Lucca. Ele me reconheceu e perguntou se já havia feito a inscrição. Minha mãe falou que decidimos não fazer, porque eu não tinha preparo para tocar na orquestra, precisava de mais informação e orientação. Ele voltou a insistir, e minha mãe prometeu conversar com meu pai.

 

Não recebi o cachê naquele dia e tive que voltar. Adivinha quem estava lá? O De Lucca! Isso é destino. Quando perguntou mais uma vez sobre a inscrição e falamos que não, ele literalmente pegou minha mãe e eu pela mão e nos levou até o Theatro Municipal para fazer a inscrição. Ele era o timpanista do Theatro e tocava na orquestra da Tupi como freelancer.

 

A prova foi em um antigo casarão na travessa da rua Amaral Gurgel, onde hoje tem uma biblioteca. Cheguei, com meu pai (sempre estava acompanhada dele ou de minha mãe, porque era menor de idade). A spalla da orquestra nessa época era a Elisa Fukuda, a primeira flauta era o Toninho Carrasqueira, a primeira viola era o Horácio [Schaefer, colega de Elisabeth na Osesp]. Imagine o nível do pessoal que estava fazendo o teste! Quando chegou minha hora, vi o tímpano, o xilofone... Não conhecia nada. Só conhecia a caixa, por causa da bateria. Não sei o que fiz, mas passei [risos]. Acho que o De Lucca queria mesmo que eu tivesse essa oportunidade.

 

Como foi esse início acidental em uma orquestra?

No primeiro ensaio, a gente fez a leitura da “Marcha Húngara”, do Berlioz. O De Lucca me deu uma parte para tocar. Eu não tinha a mínima noção do que era uma partitura de orquestra. Era uma parte de triângulo, e perguntei para o professor: “Onde que eu toco?”. Só aí ele se ligou mesmo que eu não tinha conhecimento, não sabia ler música. Estava só engatinhando no piano, tinha 14 anos, em 1968. Comecei a decorar onde tinha que tocar, e ele recomendou ter aulas de teoria com Cláudio Stephan, primeiro percussionista do Municipal. De Lucca seguia me orientando na orquestra. No ano seguinte, a Escola Municipal foi criada. Fui a primeira aluna. Hoje sou professora lá e brinco que minha carteirinha é a número 01.

 

Eu cursava o técnico em química industrial, minha ideia era fazer engenharia, depois mudei para biologia. Nada a ver, né [risos]? Não tinha curso de percussão ainda na universidade. Queria fazer faculdade de música mesmo, então precisei esperar. Concluí o técnico e fiz estágio no Theatro Municipal, toquei muita ópera e balé, aprendi pra caramba.

 

Na década de 1970, surgiu a oportunidade de fazer teste para a Filarmônica, que estava sendo formada em São Paulo. Passei e, lá, conheci aquele que veio a ser meu grande professor de tímpano, Arnaldo Calusio, também argentino, que veio para [o Brasil] ser o timpanista da orquestra. A Filarmônica funcionou de 1970 a 1972. Em 1973, teve a primeira restruturação da orquestra, que se tornaria a Osesp, feita pelo [maestro] Eleazar [de Carvalho]. Fiz a prova e estou aqui até hoje. Parece coisa do destino!

 

 
 

 

Elizabeth Del Grande e Osesp em imagens: (1 e 2) Festival de Campos de Jordão, início e final dos anos 1970;

(3 e 4) Theatro São Pedro, décadas de 1970 e 1980; (5) Teatro Cultura Artística, década de 1980;

(6) Formação da Osesp em 1974.

 

 

Como era a Osesp de 1973?

A Orquestra foi reestruturada, mas não tinha sede, isso só aconteceu em 1999, com a Sala São Paulo. A gente ensaiava no saguão de um prédio na avenida Paulista, muito próximo da Gazeta, acho que era o prédio da Secretaria de Cultura. Estavam terminando ainda de construir, nem os vidros estavam colocados, a gente ensaiava no saguão, entre as colunas. Lembro que para ver o Eleazar, às vezes eu ficava entre uma coluna e outra. De lá, fomos para o [Theatro] São Pedro e, depois, para o [Teatro] Cultura Artística e para o Memorial da América Latina. A Orquestra era boa. Veio muita gente de fora, especialmente norte-americanos, porque o Eleazar estava vindo dos Estados Unidos. Na própria percussão, tinha o Calusio, argentino, e dois americanos, Paul e Debbie. Falo que comecei como office boy, que fui aprovada como última da fila. Acho que viram meu potencial. O Eleazar conseguia tirar som de qualquer orquestra, essa é que é a verdade, a gente sente saudade dele. Diria que a fase áurea foi a do Cultura Artística. Fizemos concertos memoráveis! O Eleazar fazia ciclos completos de Mahler, Beethoven, temporadas dedicadas à Bach. Eu era muito jovem, não tinha a experiência que obviamente tenho hoje, mas acredito que não era uma orquestra como a que temos hoje, que é realmente a melhor da América Latina.

 

Eram outros tempos. A orquestra evoluiu e a percussão também. Muito do que a gente acabou não tendo naquela época, não era por falta de músico de qualidade, era por [falta de] vontade política, de ter uma sede melhor, de ter condições melhores, de ter instrumental melhor, ou seja, de ter uma infraestrutura melhor. Músico de qualidade a gente sempre teve, por isso é difícil comparar. Infelizmente, depois dos tempos áureos no Cultura Artística, tudo voltou a degringolar. Fomos ensaiar no Copan, uma queda só. Teve uma época que a gente tocava dentro do restaurante do Memorial da América Latina. A orquestra morreu junto com Eleazar. Sempre falo isso, morreu com ele e ressuscitou com a reestruturação do [maestro John] Neschling. Nunca mais vou me esquecer daquele concerto do Mahler. É meu momento mais importante aqui.

 

A inauguração da Sala São Paulo em 9 de julho de 1999, quando tocaram a Segunda Sinfonia de Mahler, é um momento hors-concours de fato. Como você se recorda desse dia?

Nesse dia, a Orquestra reviveu. Enfim, tínhamos uma sala, um instrumental de percussão decente... Passei o concerto quase inteiro chorando, uma emoção muito grande. Imagine, naquela hora, eu tocava um instrumento novo, nosso, em uma sala nossa, que tanto se lutou para conquistar. Faça as contas: de 1973 a 1999, esperamos 26 anos para termos um lugar próprio.

 

Outro ponto alto, só que mais recente, foi quando a gente fez A Sagração da Primavera [de Stravinsky] com o [maestro] Kristjan Järvi, em 2010. Nos aplausos, ele saiu do pódio e foi lá em cima, no praticável, me cumprimentar. O reconhecimento depois da Sagração me fez ficar muito emocionada. Sem contar os concertos com o [regente Frank] Shipway, todos inesquecíveis, especialmente a Sinfonia Alpina, de Strauss, que ele fez em 2012. Foi de chorar também.

 

Por falar em reconhecimento, em 2014, quando foi homenageada na Temporada Osesp, você estreou A Lua do Meio-Dia, de Eduardo Guimarães Álvares, escrita para você. Em novembro deste ano, vai ser a solista em outra peça que encomendamos para você, A Hora das Coisas, de Paulo C. Chagas. Vocês já estão conversando sobre a peça? O que o público pode esperar?

 

Estou muito contente, sempre admirei muito a música dele. Por incrível que pareça, a gente nunca teve contato mais próximo, e estou adorando fazer esse trabalho com ele, é sensacional. Toda vez que ele precisa, me liga e conversamos sobre a peça. Ele foi para Rússia, agora está em Berlim, falamos na semana passada, me mandou o início da obra. Já fui correndo ver, já estou nervosa! Além dele escrever muito bem, o Paulo escreve difícil. Estou adorando, realmente vai ser uma emoção muito grande, mais uma. Ele está superpreocupado com os detalhes técnicos, com os instrumentos. Estou aprendendo pra caramba nesse processo.

 

Entrevista a Mariana Garcia, Gerente de Comunicação da Fundação Osesp.
Transcrição Giovana Sanches